
O primeiro volume da Igbá Ábídí traz um ensaio de João Ferreira Dias sobre o sincretismo religioso no Candomblé, apresentando novos dados e novas leituras, não esgotando o tema, mas procurando contribuir para o debate sobre o mesmo.
Na imagem em destaque vemos a Iyalorixá Luizinha do Axé Batistini emocionada, num ato histórico em defesa da presença afro-religiosa no Estado de São Paulo, que ganha maior relevo diante do período que o Brasil atravessa.
A história do Candomblé em São Paulo é contada em factos recentes. É a história da diáspora interna do Candomblé que acompanha a necessidade migratória dos sujeitos em direção às cidades de crescimento económico. Por essa razão, a implementação do Candomblé em São Paulo está associada a diferentes agências, ‘nações’ e etapas.
O tombamento (em Portugal equivale à classificação como património) desses terreiros representa uma nova etapa no tratamento do património imaterial paulista e uma nova forma de olhar o contributo de matriz africana por parte do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). Até à data, apenas o Aché Ilé Oba havia sido tombado, em 1990. Compreende-se, portanto, que um novo dispositivo de ação está em marcha, em relação ao reconhecimento histórico do Candomblé para a identidade religiosa recente do Estado de São Paulo, um ato político extremamente relevante num contexto atual de forte repressão religiosa evangélica, com evidentes contornos políticos.
Lista dos terreiros tombados: Terreiro de Candomblé Santa Bárbara, de Brasilândia, na zona norte da capital paulista; Casa de Culto Dambala Kuere-Rho Bessein, de Santo André, no ABC Paulista; Centro Cultural Ilê Afro-brasileiro Odé Loreci, de Embu das Artes, na região metropolitana; Templo de Culto Sagrado Tatá Pércio do Battistini Ilê Alákétu Asé Ayrá e Centro Cultural Ilê Olá Omi Asé Opo Araka, ambos de São Bernardo do Campo, no ABC.
A Igbá Ábídí funcionou em 2010 como uma revista de pendor científico-cultural, promovendo o estudo e o debate de temas afro-brasileiros. Depois deste interregno, está de volta sob o formato de publicação não-periódica, funcionando sob fluxo contínuo, na variante de artigos longos e dossiers temáticos. Agora sob a tutela do Instituto Ixéxé, a Igbá Ábídí pretende ser um espaço de difusão de reflexões e análises críticas sobre temas ligados aos cultos aos Orixás e Vodun, nativos e nas várias diásporas, privilegiando, mas não tornando exclusivo, a reflexão “teológica-filosófica”, aceitando igualmente trabalhos de natureza histórica e antropológica. »» mais informações.